Qual sua opinião para revistas "de luxo"?

Achei que o debate lá no Planeta Gibi ficou interessante então resolvi abrir um espaço para o assunto aqui no fórum também.

Como todos sabem, Zé Carioca 70 Anos está chegando por aí, e pelo que dá para perceber a qualidade da revista será no nível dos atuais especiais que estão saindo (como Velho Oeste, Olímpiadas e Horror), ou seja, formatinho, papel meia boca, impressão méh etc.

Eu levantei a bola lá no PG e teve gente que entrou em neura e começou a correr atrás do próprio rabo dizendo que produto de luxo é quase que racismo, que é um cuspe na cara do leitor que compra formatinho e não tem dinheiro pra nada melhor do que a qualidade questionável que são os gibis atuais.

Acompanhem o meu comentário lá e os demais (tem uns bacanas do Kleiton Gonçalves):
http://www.planetagibi.net/2012/08/hqs-raras-e-tambem-ineditas-brasileiras.html

O comentário que abriu toda a polêmica sobre o assunto:

Aí eu levanto uma bola... com uma material dessa magnitude, não é meio "pobre" restaurar e publicar isso num encadernado nos moldes dos Especiais que vem saindo?

Um material assim, tão raro, tão histórico, tão digno de ser chamado de republicação, não merece uma publicação mais "de luxo"?

Capa dura, aquele papel lisinho e brilhante (que sempre esqueço o nome... off-set?), formato um pouco maior que o formatinho (americano acho um tanto quanto desnecessário, mas não acharia ruim).

São 70 anos, um marco aparentemente (ainda que estejamos 10 anos com o Zé no limbo), e estes especiais não mereciam algo mais luxuoso? Porque até onde a gente percebe, parece que irá se manter o formato que estamos vendo nos especiais ao longo do ano.

Claro que se eu estiver errado, vem o PG e dá aquela cortada na bola...

E aí pessoal? O que vocês acham? Zé Carioca 70 Anos não merece mesmo um tratamento melhor? Tipo o que vimos em O Melhor da Disney - As Obras Completas de Carl Barks ou A Saga do Tio Patinhas?

Eu vejo o Mauricio de Souza fazendo sucesso absurdo com MSP50, com versões em brochura e capa dura... qualidade que dá gosto de colecionar. Revistas que tem a premissa para uma qualidade assim. ZC70 não tem esse naipe? Ainda depois do que o PG revelou que será parte do conteúdo do especial?

Como definir o que deveria ser "de luxo" ou não? Pelo material? Pela raridade temporal? Pelo nicho interessado?

Fazer uma revista com uma qualidade acima do que existe dentro da linha é elitizar os quadrinhos, como um comentário afirma no PG?

Pra falar a verdade eu acho interessante mas nada viável.

Chico Bento, meu personagem preferido do Maurício, saiu em um especial de 50 anos, encadernado, luxo, capa dura, páginas especiais, e eu não comprei.

1 porque não acho mesmo em lugar nenhum.
2 porque custa mais de 50 reais pra menos de 200 páginas.

Acho que isso exclui muitas pessoas de possuírem o objeto.
Como um menino de 9 anos vai fazer a mãe dele comprar um "gibi de 50 pau" ?

Eu mesmo achei caro demais e não comprei. Não que eu seja de classe baixa ou muquirana, apenas concluí que o custo benefício de mais de 50 reais pra um gibi de menos de 200 páginas não era o suficiente pra eu comprar o mesmo.

mas perae... Chico Bento 50 Anos vc acha que é produzido pensando numa criança de 9 anos?

Pro acabamento, pro tratamento da revista, não é meio óbvio que o público alvo de uma revista assim não é uma criança?

O que define o carater especial de Chico 50 não é o material, o tratamento, o formato especial? E pra uma criança isso tem alguma diferença do que é normal do Chico? Acho que não...

O erro pra mim estar em achar que uma criança de 9 anos precisa de um Chico Bento 50 Anos... ela pode ter, mas precisar? Não.

Sou contra que se edite esse especial do Zé Carioca em luxo. Por que?

Egoísmo talvez, eu atualmente peno o pão que como, provavelmente não compraria se custasse muito caro.

Sou até a favor de edições de luxo para livraria, mas material já editado em outros formatos, mais certos, por assim dizer. As obras completas de Barks.

Tem vários cavalheiros que só gostam disso em Disney (ou só valorizam isso e tem a necessidade de comparar tudo), está tão batido que seria um absurdo editar de novo em formato popular.

Portanto essa solução é até simples, edite-se a obra completa de Carl Barks, em um formato e material impecável, lindo, mais especial do que nunca, no preço que for necessário. Tenho quase certeza que venderia que nem água no deserto.

Os colecionadores de longa data tem direito a materiais bonitos para ostentar na estante, mas acharia horrível que fosse uma edição tão importante quanto essa do Zé.

A volta da produção nacional após tanto tempo tem que ser para todos, tem que dar condições para qualquer um comprar.

Outros materiais poderiam sair com luxo.

Acho que deva existir sim,mas em uma quantidade pequena,pois senão se torna inviável.Em relação ao especial do Zé acho que tinha que ser de luxo.

Ou então que fizessem 2 edições ué, assim agrada gregos e troianos (ou no caso aqui do fórum gregos e italianos, ahuahuahua)

bom ja falei varias vezes que nao adianta eles ficarem com gibizinhos de 1,99, formatinhos e tudo mais que isso nao vende pra molecadinha, definitivamente eles nao compram disney, e o papai e a mamae acha caro ate um de 1,99, tenho uma prima rica que disse que nao paga 1,99 no gibi pois acha "caro", como ja disse nao vejo molecada nenhuma que seje lendo disney, eles querem homem aranha, panini, TMJ, etc, menos disney, quem compra disney, quem gosta de disney e' aquele publico de mais de 30 anos em media, e esse publico pede e paga por um material melhor, veja a formula de topolino na Italia, la vende sabe porque, porque sempre da brindes com a revista, carrinho do DD pra montar, do tio patinhas do pardal, etc, e a molecada compra la e quer por causa disso, agora a abril ja faz muito mesmo que nao vejo dar necas, entao crianca nao ve atrativo pra comprar, alem do que esse formatinho titiquinho fica escondido na banca em meio as outras maiores, vc quase nao acha disney, entao como querem vender, e' o que digo, falta o pessoal abrir o olho por la e se adaptar ao mercado pra nao ser engolido por ele.

riczanin toca num ponto interessante. tem criança que prefere muito mais uma revista Recreio que vem com algum cacareco e é muito mais caro, do que um gibizinho de 1,99 do Pato Donald...

Eu também não acho que quadrinhos Disney são feitos pensando em crianças abaixo de 10 anos... que criança de 10 anos acha graça em ver o Pato Donald se matando em empregos, ou o Tio Patinhas disputando negocios e mercados com o Pataconcio, ou um Mickey resolvendo um crime?

Quando era menorzinho, eu lia Turma da Monica, afinal me identificava com o universo dos personagens (brincar na rua, zuar com meninas, imaginar coisas), mas depois, quando cheguei na pré-adolescencia já mudei pra Disney.

Queria ler sobre grandes aventuras, confusões malucas, mistérios e afins. Acho que Disney é uma publicação que atrai a partir da pré-adolescencia. Criança gosta mesmo de Turma da Mônica.

Claro que tudo com suas exceções, não que uma criança não posso curtir Disney. Vivemos em tempos onde há muitos pequenos que se tornam "mini-adultos" antes da hora...

Luxo são quadrinhos para livrarias, formato maior, em cores, ou seja para um público mais exigente.

quiof escreveu:Luxo são quadrinhos para livrarias, formato maior, em cores, ou seja para um público mais exigente.

e qual o comparativo vc faria entre uma mensal atual do Pato Donald e uma revista como O Melhor da Disney?

Não acho que seja a mesma coisa. Assim como não acho que uma revista pra ser "de luxo" precise sair exclusivamente em livrarias.

Não pode ter publicações de luxo em bancas? Eu acredito que pode sim.

Um exemplo, um pouco fora do universo Disney:



Saiu por R$ 17,90 no lançamento se não me engano. Capa-dura, papel especial, bom tratamento gráfico etc e saiu nas bancas (acredito que tenha ido para livrarias, mas podia ser achado em banca de jornal)


Acho ruim quando o pessoal fala em quadrinho de luxo e fica pensando em encadernados de 100 reais que existe por aí. O que define "de luxo" não é o preço... dá pra ser de luxo e ter um preço pé no chão, mais honesto e atraente ao leitor.

Homem Aranha Noir mesmo nem precisava ser capa-dura, mas teve um tratamento legal e um preço bacana.

bom o maffia disse que pretendem lancar capa dura de luxo, quando? nao sei, mas seria interessante que lancassem uma colecao dos Mestres disney, Barks, Rosa, etc, nesses moldes, poderiam tomar como base a colecao da Fantagraphics la de fora cuja mesma comprei da amazon ja os 2 primeiros do mickey do floyd, e o primeiro do Donald do Barks, sendo que eles pretendem lancar 2 volumes por ano, para o colecionar disney aqui ja seria otimo se fizessem algo parecido. Esse homem aranha de exemplo ai como muitos outros de herois que ja vi em livrarias custarem nessa faixa de preco de 20 a 30 reais, capa dura e otimo acabamento, entao se eles conseguem, acho que a abril consegue tambem ne'.

Esse Homem Aranha Noir você acha por R$ 14 o vol 1 e por R$ 16 o vol 2 na Banca 2000 (www.banca2000.com.br)

Só pra ter uma noção que não é porque o material é de qualidade, que vai custar os olhos da cara.

Pois é, a Abril prometeu esse tipo de publicação, mas já faz tempo já. E promessa de editora sabe como é, né? Cadê a origem do Morcego Vermelho e do Indiana Pateta? Cadê o relançamento de Mistério dos Signos? Cadê Pateta Reporter? Promessas é o que mais tem na Abril...

Não duvido nada que o primeiro lançamento em capa dura da editora seja alguma coisa do Barks e aí eu é que não vou comprar, porque não preciso de capa dura quando já tenho O Melhor da Disney. Aí é oportunismo.

Zé Carioca ficou 10 anos enterrado e apodrecendo... agora que estão trazendo ele de volta, remasterizando um dos pilares de seu surgimento, comemorando 70 anos de existencia, trazendo 2 HQs inéditas, fora outros materiais.... ESSE era um momento que merecia um tratamento acima da média.

E estamos falando da mesma editora que em seu auge, chegou a comemorar eventos especiais dessa forma:





http://kleitongoncalves.blogspot.com.br/2012/07/memoria-cinquentenario-disney.html

Inducks: http://coa.inducks.org/issue.php?c=br/CINQ%20%20%20%201

(eu tenho ela por sinal... ganhei do meu pai, e ele tinha essa revista bem antes do meu nascimento)

o misterio dos signos era um que merecia um especial, mas com certeza devem lancar numa jumbo ou mega da vida, se lancarem capa dura do Barks bonito como fizeram la fora eu compro, pois por mais que eu ja tenha, por mais que ja tenha lido, barks e' o mestre e nao me enjoa ler 1000 vezes suas historias belissimas e bem elaboradas, logico que se lancarem Mestres disney em capa dura com don rosa e todos os outros seria bem melhor, eu compraria tambem pois me faltaram alguns volumes do melhor da disney, coisa que nao se acha mais e quando acha e' a preco de ouro, entao compraria com certeza, e tenho quase certeza que em meados de 2013 lancam barks em capa dura, prova disso e' que pararam de publicar historias dele, estao guardando ja para um eventual relancamento.

T_thiago escreveu:

quiof escreveu:Luxo são quadrinhos para livrarias, formato maior, em cores, ou seja para um público mais exigente.

e qual o comparativo vc faria entre uma mensal atual do Pato Donald e uma revista como O Melhor da Disney?

Não acho que seja a mesma coisa. Assim como não acho que uma revista pra ser "de luxo" precise sair exclusivamente em livrarias.

Não pode ter publicações de luxo em bancas? Eu acredito que pode sim.

concordo, Luxo na minha opinião é capa dura, a Panini mesmo lança encadernados Marvel e DC em bancas (Coleção Histórica Vingadores é um exemplo), acho que eles já deveriam ter publicado Disney em formato americano, conheço gente que apesar de gostar de Disney e Luluzinha, abominam o formatinho, aqueles formatinhos da DC Animated soltam as páginas, apesar de não curtir muito o material italiano, acho que a linha Disney Gigante poderia ser uma opção.

T_thiago escreveu:E estamos falando da mesma editora que em seu auge, chegou a comemorar eventos especiais dessa forma:





http://kleitongoncalves.blogspot.com.br/2012/07/memoria-cinquentenario-disney.html

Inducks: http://coa.inducks.org/issue.php?c=br/CINQ%20%20%20%201

(eu tenho ela por sinal... ganhei do meu pai, e ele tinha essa revista bem antes do meu nascimento)

ótimo exemplo!

Passei uns dias sumido, cheguei agora e a coisa está pegando fogo... Li por cima a discussão do Planeta Gibi. A minha opinião é a que segue.

Não prego nem formatinho e nem formato americano: prego formato ORIGINAL. Histórias italianas no formatinho me parece adequado, histórias do Don Rosa em tamanho reduzido são mutilações pavorosas.

Caso o material do novo Zé (o inédito, por exemplo) tenha sido PENSADO para o formatinho, não vejo mal nenhum em ser lançado assim. Até porque estou curtindo bastante os novos especiais, e se o Zé especial, que é um projeto bastante festejado e divulgado pela Abril (é um projeto DELES, digamos logo), foi desenvolvido para formatinho não vejo por que razão lançá-lo com mais luxo ainda e encarecer o produto.

Gosto de quadrinhos em edição luxuosa e "definitiva": sou um grande apreciador da Fantagraphics, por exemplo, e tenho muitos volumes importados das reedições integrais de Peanuts, Krazy Kat, Popeye, Mickey, Pogo etc. Mas esses especiais da Abril não são edições definitivas e cronológicas, são? Tem que ver isso, a gente vai ficar no escuro até divulgarem realmente todo o material do especial.

Só sei que esse Zé 70 anos já está fazendo barulho, e isso é bom. Havia gente que, como eu, há 10 anos já não nutria muito interesse pelo personagem...

Vamos aguardar e ver que bicho dá.

um detalhe.... o material inédito do zé que estará nesse especial serão apenas 2 HQs e se formos nos basear no passado, não duvido que sejam 2 hqs de 15 ou 10 páginas cada.... então é uma quantidade infima se comparar com as cento e poucas paginas que virão com o material classico, que pelo que entendi é dos eua, que tem um padrão bem maior de revistas...

Mas pelo que o Planeta Gibi disse, a Abril comprou esse material "já editado", em outro formato que não o original.

falando em formatinho, eu já iria adorar se houvesse uma revista desse tamanho no Brasil:

O problema do formatinho é... não temos outra opção! Isso é bem ruim. No geral, ele quebra um galho; mas histórias de gente como o Don Rosa ficam horríveis nessas dimensões. Formatinho é um anacronismo que deveria ser o mais breve possível extinto (ou pelo menos repensado o jeito como está).

Filipe Fauntleroy escreveu:O problema do formatinho é... não temos outra opção! Isso é bem ruim. No geral, ele quebra um galho; mas histórias de gente como o Don Rosa ficam horríveis nessas dimensões. Formatinho é um anacronismo que deveria ser o mais breve possível extinto (ou pelo menos repensado o jeito como está).

não precisa acabar com o formatinho, sabe. pode ter somente uma... UMA revista nesse formato mais "adulto". sem cores de sorvete picolé na praia, note que as revistas brasileiras só faltam brilhar no escuro, enquanto na dinamarca e holanda elas tem cores nas capas, mas são menos invasivas, mais pasterizadas justamente pra não gritar na banca "revista de criança, maluco!".

um formatão poderia comunicar melhor com um público da velha guarda, com jovens que odeiam formatinhos. faz parecer quadrinhos disney algo mais agradável a qualquer idade. a Panini vem mandando muito bem com Turma da Monica nesse sentido, de agradar a todos os publicos de todas as idades, ainda que não tenha abolido o formatinho.

Não precisa abolir, basta dinamizar as coisas.

O formatinho aliás "nasceu" pensando nisso de diferentes faixas etárias. Havia revistas para adultos, jovens etc., e as de criança eram as pequenininhas, juntavam o conceito da idade ao do tamanho da publicação. É um pensamento interessante, mas desde o começo foi mal praticado. Primeiro que jogam qualquer quadrinho no balaio da gurizada, e mesmo quadrinhos infantis nem sempre ficam bem em formato pequeno, varia muito das dimensões das artes originais.

Notem os livros infantis nas livrarias: quantos em formatinho? Poucos! Formatinho em livros é para livros de "gente grande", que só possuem texto; uma das coisas basilares que os editores de quadrinhos não entendem é que A ARTE (o desenho, a narrativa gráfica) é que dita o padrão da publicação. Ora, texto é texto em qualquer formato; mas a arte é prejudicada sensivelmente se reduzida...

Um outro exemplo... uma trilogia que tive o maior prazer em comprar e me orgulho de ter completinha: